quarta-feira, 30 de março de 2011

Tati.

Eu me pergunto como deve ser para ele. Todos sentem falta dela, demais. Ela era incrivel. Mas para ele é muito mais dificil. Todos continuam suas vidas, como sempre foi. Voltam para suas casas no final do dia, e vem as suas famílias lá. Dormem com uma certa tranquilidade, sabendo que estão ali. Até quando não sabemos, mas estão ali. Agora pra ele, não é assim. Ele só tinha a ela. Ela era a família que ele estava construindo, ela era o passado dele, o presente que ele tanto amava e o futuro que ele nunca vai ter. Eles eram lindos juntos. Eu me pergunto, como deve ser para ele chegar em casa, e não esperar ela. Ou esperar e ela não chegar mais. Chega seis, sete, oito horas da noite e ela não chega para ver tv com ele. Ver a cortina com a cor que ela escolheu, os móveis no lugar que ela queria, a casinha deles, aonde prometeram viver até a eternidade. Eternidade não existe, que cruel! Como são os almoços dele agora, sem ela? Deve ser horrivel pra ele, não parar naquele momento para conversar com ela, ouvir sua voz. E ela contar pra ele, com aquele jeito e aquele sorriso hipnotizante como tinha sido sua manhã. Antes, ele ia no trabalho dela almoçar com ela, quase todos os dias. Nos fins de semana eles saiam, tão felizes. Eles chegavam nos lugares, com as mãos entrelaçadas, comprimentando todo mundo e sentavam no seu cantinho juntos, como se se bastassem. Eles se bastavam. Eles se completavam. Eram metade mesmo. Como vai ser para ele, cada vez que completaria um mês a mais? E quando eles completariam mais um ano de casados? E, os filhos que eles prometeram? Os pais excelentes que eles seriam, as brincadeiras que eles fariam, as viagens, as conversas... Como está sendo para ele sobreviver, sem ela, todos os dias? Como vai ser para ele envelhecer, sem ter ao lado dele a mulher que fazia ele sorrir todos os dias? A certeza que ele tinha ontem, é a total dúvida que ele tem amanhã. Ele não sorri mais, passa tão abatido. Como se procurasse vê-la por todos os lados, mas não vê mais. Não ouve mais sua voz. Não lhe agrada mais. Porque ela não está mais aqui. E isso me parece tão injusto. Me parece tão injusto, partir assim, do nada. Me parece tão injusto, não ter realizado alguns sonhos. Foi tudo em vão? Qual o sentido? E agora, ele vai ficar incompleto para sempre? Ou vai aparecer alguém pra substituí-la? Não. Não tem como substituí-la. Cada gesto, cada palavra, cada história que ela contava, cada defeito nela que ele amava, cada traço... Se foi tudo, como a chuva... Simples assim. Simples não. Complexo. Frustrante. Ontem ela estava aqui, e hoje parece como ontem, mas ela não está mais. Ela partiu. Mas ela não queria partir. Ela teve que ir. Sem aviso prévio. Deixou muita coisa pela metade. Inclusive nós.

2 comentários:

  1. "Ela partiu. Mas ela não queria partir. Ela teve que ir. Sem aviso prévio. Deixou muita coisa pela metade. Inclusive nós."
    Não tem o que comentar, simplesmente dizer que resume tudo.

    Te amo!

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  2. Morri. Que texto perfeito! Sem palavras. Só Força.

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