quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Através dos olhos de uma criança.
Quando era criança, ela via pessoas ao seu redor chorando, e não entendia o por quê. Ela achava o mundo lindo. Ela ainda acreditava nas pessoas. Olhava ao seu redor, e achava que tudo estava aparentemente normal. Ela sorria, como sorria. Parecia não ver problema em nada. Parecia que problema nenhum afetaria, alem da morte. A morte, era a única coisa assustadora para ela. Por isso ela abraçava a mamãe, todas as vezes que a mamãe dizia para ela me comportar melhor e dar valor as pessoas, porque um dia, elas poderiam não estar mais ali. Era apenas uma criança, que não aceitava perder nunca. Mas que tinha um coração imenso. Tinha alem do medo, a coragem. Tinha um sorriso admirável. Não era orgulhosa, pois ligava para a sua melhor amiga da época, pedir desculpas e dizer boa noite, todos os dias que brigavam na aula. Uma criança sonhadora. Que vivia voando. Vivia acreditando que personagens, um dia, fariam parte da sua vida real. E que viveria uma história com eles. Acreditava, que o bem sempre podia vencer. E que ela, podia fazer o bem. Falava pra si mesma, o que pensava. Queria transformar o mundo. Queria conhecer um lugar, que só ela conhecesse. Queria um amor verdadeiro, que levasse junto para esse lugar. Acreditava também, que um abraço, curava uma dor. Por isso, quando sentia que as pessoas estavam ruins, abraçava-as. Pedia desculpas. Comia o que queria, a hora que queria, e se sentia bonita. Na rua, não existia maldade. Brincava com seus amigos até tarde. Jogava bola, e as vezes brigava com eles. Mas no dia seguinte, quando eles chamavam no portão de casa por ela, esquecia que tinham brigado. Tiravam fotos. Sem se preocupar em como o cabelo estava, ou se a maquiagem não estava borrada. Não usavam maquiagens. Só queriam gravar o momento, para que um dia, pudessem rever. Brincava de boneca. De esconde-esconde. Se encantava com coisas pequenas. Nunca banalizava que amava alguém. Tinha medo do escuro. Mas vivia. Cada dia intensamente, tinha isso como lema. E talvez, ela não soubesse o quanto é feliz. O seu mundo só foi perdendo cor, quando ela descobriu, que o amor existe, mas que não dura para sempre. Que um abraço tem muito poder, mas infelizmente ele não cura todas as dores. Que a injustiça, fala muito mais alto que o bem, na maioria dos casos. Ela só se deu conta, do quanto amava aqueles amigos que chamavam ela no portão todos os dias, quando eles estavam distantes. Descobriu, que quando se é grande, muitos problemas que você nunca espera, aparecem. Que ela ia perder muitas vezes, porque nem sempre, eram seus pais que estavam lá para deixar ela ganhar. As brigas continuam idiotas. Mas dessa vez, são significativas, ou ao menos, rancorosas. E ela não pega o telefone, e nem recebe telefonemas de desculpas quando acontecem. As pessoas não aceitam tirar fotos sem maquiagem. O cabelo tem que estar perfeito. Dessa vez as coisas inverteram, ela tinha alem da coragem, o medo. Porque não a viam mais como criança. E quando a julgassem, era pelos seus proprios atos. Ela teria que responder por eles. Ela tem que decidir sozinha agora. Ela tem que enfrentar. E não existem personagens, alem dos da vida real, que estão do seu lado. Ela não pode mudar o mundo. Ela não pode mudar o carater de muitas pessoas. Veja que engraçado. Agora ela precisa de auto-confirmação. Porque ela não tem mais auto-confiança. Ela precisa das pessoas, muito mais, do que quando era criança. E as vezes, ela se sente sozinha. E diante de todas descobertas, ela não consegue odiar a vida, embora as vezes ela sinta uma frustração imensa. Ela sente vontade de descobrir mais, de viver mais. Ela só não quer crescer mais. Ou talvez ela queira, mas ela tem medo... Sabe, quando ela era criança e brincava de boneca com sua vó, as vezes, a sua vó dizia coisas na brincadeira, que não eram as que ela esperava. Ela então ficava brava, muito brava. Embora tentasse não demonstrar, a irritação que sentia, era perceptível. Não queria que fosse dito, o que ela não esperava. Mas aos poucos, ela foi crescendo com isso. Foi aprendendo, que as pessoas, nem sempre vão dizer o que ela quer ouvir. E não adianta o quanto ela desse crise, ficasse brava, é preciso aceitar que as opiniões não coincidem muitas vezes. Que vão existir mais contras do que a favores. E ninguém vai voltar atrás, apagar o que foi dito, só porque ela não quer ouvir. Ela ainda não entende, muitas coisas das pessoas. Mas ela está aprendendo. Cada vez mais.
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